Pastora é morta por vizinho para defender filho

Ela se colocou na frente do filho e pediu que o suspeito não atirasse

Por Visual News Notícias 03/01/2019 - 08:18 hs

Por Visual News Noticias

“Pelo amor de Deus, não tire a vida de meu filho”. Foi com essas palavras, ditas diretamente para seu algoz, que a pastora Norma Lúcia Pereira Daltro, 52 anos, foi morta na noite de terça-feira (1º), em sua casa, no bairro Pampalona, em Feira de Santana, no Centro-Norte do estado. Ela se colocou na frente do filho para evitar que o suspeito atirasse. Achou que ele desistiria, mas não adiantou. 

O suspeito é um vizinho que tinha uma briga antiga com um dos filhos de Norma, de acordo com amigos da família. “Ela passeou durante o dia no rio, aqui, e foi para casa normalmente. Todo mundo brincou, conversou e estava normal. Mas havia essa rixa e, no momento que a pessoa foi tirar a vida do filho dela, sabe como é mãe, né? Ela pediu que não fizesse aquilo e, nesse momento, ele deu os disparos”, lamenta a bispa Luciene Martins. 

O crime aconteceu por volta das 18h, na Rua São Joaquim, onde todos moravam. Segundo a assessoria da Polícia Militar, a pastora foi atingida na cabeça. Ela chegou a ser socorrida e levada para a Políclinica do George Américo, mas não resistiu. Outras duas mulheres foram atingidas na perna e no braço, e um homem foi vítima de golpes de faca – até o início da tarde desta quarta-feira (2), os três seguiam internados no Hospital Geral Clériston Andrade. 

A PM informou que os problemas de desentendimentos entre os vizinhos já eram antigos. Ao CORREIO, a bispa Luciene confirmou que a briga existia há “alguns meses”. Norma chegou a desabafar sobre a situação.

Pastora foi morta ao defender filho (Foto: Reprodução/Facebook)

“Ela dizia: ‘ô, bispa, eu estou muito preocupada com esse rapaz’ (o suspeito). Eu dizia para ela mudar de bairro, esquecer o povo lá. Se eles queriam o bairro para eles, deixava para eles”, relata Luciene. 

Ela não soube dizer, porém, qual era o motivo da briga com o vizinho, nem com qual dos filhos era o problema. Norma tinha 11 filhos. A maioria morava com ela e o marido, que também é pastor, na casa onde foi morta. 

Norma fundou a igreja Arca da Promessa, em Feira (Foto: Reprodução/Facebook)

As outras três vítimas eram amigas de Norma e frequentavam a Igreja Pentecostal Arca da Promessa, da qual ela era pastora. Depois de passarem o dia juntos, tinham acompanhado ela no retorno para casa, quando a confusão aconteceu. A família, segundo Luciene, ainda está sem condições de falar sobre o assunto. 

“Além de fazer isso com ela, ele saiu esfaqueando as pessoas propositalmente. A turma dele começou a briga na casa dela, jogando cadeira. Tinha pessoa ferida com cadeira, com facada”, lembra. 

O filho de Norma que seria o alvo inicial, contudo, não ficou ferido. “Aquela mulher não era envolvida com a vida de ninguém. Era conselheira, amiga, verdadeira, coração puro, aberto. E eu comentei: o que ela fez, qualquer mãe faria. Ela estava ali, junto com o filho, e achou que ele (o suspeito) ia respeitar”. 

Motos danificadas
Norma fundou a Igreja Pentecostal Arca da Promessa, que fica no bairro da Pampalona, há oito anos. Ela era considerada a presidente da instituição. No Facebook, amigos da pastora lamentaram a perda. "Minha pastora, uma mãe, uma amiga, uma intercessora. Que Deus conforte a família e a nós, seus filhos espirituais", escreveu uma pessoa. 

"Era uma verdadeira intercessora. Sorríamos, conversávamos, falávamos de coisas boas, principalmente, da obra de Deus. O Céu viu o quanto ela era Especial e Pai Celestial o Chamou pra fazer morada", relatou outro amigo da vítima.

O corpo de Norma será velado nesta quarta (2), na igreja, e deve ser sepultado nesta quinta-feira (3), mas ainda não há informações sobre o local do enterro. 

Ao CORREIO, a PM informou que dois homens suspeitos de terem cometido o crime foram presos ainda na terça-feira. Os policiais foram acionados depois que receberam a informação de que existiam feridos e que houve disparos de arma de fogo na região. 

“Policiais militares do Pelotão de Emprego Tático Operacional (Peto) da 65ª CIPM encontraram um dos acusados dos crimes e encaminharam para a delegacia de Sobradinho”, disse a PM, em nota. Além disso, logo após o crime, duas motos que seriam da dupla foram queimadas por vizinhos. 

O segundo suspeito foi preso quando compareceu à delegacia para registrar queixa sobre a moto danificada. A PM não divulgou o nome dos presos.

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