Barradão vira ‘inimigo’ do Leão, mas problemas surgiram antes

Leão tem apenas dois triunfos em casa nesse Brasileirão, mas não tem nada a ver com sorte ou azar

Por Visual News Notícias 31/10/2017 - 09:54 hs

Que o baiano é um povo de místicas, superstições e criatividade, todos sabem. Para tentar justificar o fracasso do Vitória como mandante neste Brasileirão, tem até torcedor acreditando que o problema é com o Barradão. Mas será que o estádio virou mesmo uma casa mal-assombrada? 

O CORREIO fez uma retrospectiva das dificuldades enfrentadas pelo Leão durante o  ano e identificou que o problema não é exatamente só com o estádio do Vitória.

O planejamento foi pelo ralo antes mesmo  do primeiro semestre acabar. Até agora, foram dois presidentes, cinco técnicos - sem contar com o interino Flávio Tanajura -, três diretores de futebol e 26 atletas contratados. Vamos lá.

Agenor Gordilho e Ivã de Almeida já ocuparam a posição de presidente no primeiro ano de mandato (Foto: Arquyivo CORREIO)

Um dos erros mais graves aconteceu antes do Brasileiro. Após a demissão de Argel Fucks, na véspera das finais do Campeonato Baiano, o time seguiu a busca por um técnico. Deixou Wesley Carvalho nos jogos finais do estadual e anunciou em seu site que a pesquisa por um treinador foi árdua. Na nota oficial, o clube afirmou que “técnicos como Marcelo Oliveira, Jorginho, Ricardo Gomes e Eduardo Baptista foram sondados, porém, ou não se encaixavam na filosofia que o Leão pretendia, ou não estavam disponíveis a tempo de tocar este projeto”. 

PET MULTIUSO
Diante do cenário, oito dias após ser contratado como gerente de futebol, o sérvio Petkovic foi promovido a “Team Manager” pelo diretor Sinval Vieira, acumulando as funções de técnico e gerente de futebol. Sinval deixou o clube menos de um mês depois, e Pet virou diretor de futebol.

Pet atuou como gerente, técnico e diretor de futebol (Fotos: Arquivo CORREIO)

Pet fez sua primeira partida como treinador na estreia do Brasileirão e ficou no cargo por quatro rodadas - acumulou um empate e três derrotas. Depois, decidiu focar no trabalho de dirigente e, após analisar uma “lista com mais de 30 nomes”, como a própria diretoria do Leão afirmou, contratou Alexandre Gallo.

O treinador comandou o time em 11 partidas e não repetiu a escalação em nenhuma delas. Resultado: só 11 pontos somados (três vitórias, dois empates e seis derrotas). 

A gota d’água veio na 15ª rodada, quando o rubro-negro perdeu por 3x1 no Barradão. Antes da bola rolar, o então vice-presidente Agenor Gordilho anunciou que se afastaria e acusou Ivã de ser um presidente ausente. Horas depois, o Leão foi derrotado e, desta vez, Ivã de Almeida  anunciou que ficaria três meses afastado.

Sem ninguém para assumir o cargo, Agenor voltou atrás e se tornou o presidente em exercício. Seu primeiro ato foi se reunir com pessoas ligadas  ao clube e, dois dias depois do jogo, optou pela demissão de Alexandre Gallo. Mais quatro dias, e Petkovic, que não tinha bom relacionamento com o elenco, também caiu.

O Leão ficou pouco tempo sem técnico e sem diretor. No dia 25 de julho, um dia após a queda de Pet, o clube anunciou o técnico Vagner Mancini e o diretor de futebol Cléber Giglio, o terceiro profissional contratado para o cargo no ano.

A licença de Ivã de Almeida expirou no dia 20 de outubro, mas ele decidiu não retornar ao cargo e solicitou mais 90 dias longe do Vitória. 

AS CONTRATAÇÕES
Após a entrada de Giglio, o Vitória não contratou mais nenhum reforço. Para a temporada, Sinval fechou com 14 nomes, enquanto Pet trouxe 11. Ao todo, foram 26 atletas (confira na lista ao lado) para todas as posições, exceto o gol. Foram seis laterais, quatro zagueiros, três volantes, sete meias e seis atacantes. Vale ressaltar que Uillian Correia fechou contrato ainda na gestão de Raimundo Viana. 

Dátolo foi uma das constratações que não vingaram (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Dos reforços, sete já foram embora: Dátolo, Paulinho, Leandro Salino, Pisculichi, Pineda e Bruno Ramires, além de Gabriel Xavier, vendido para o Japão e único que deu algum retorno financeiro ao time.

Dos 19 restantes, sete são titulares (Wallace, Caíque Sá, Juninho, Uillian Correia, Yago, Neilton e Tréllez), oito costumam entrar nos jogos ou suprir ausências no time (Geferson, Cleiton Xavier, Fred, André Lima, Patric, Fillipe Soutto, Carlos Eduardo e Danilinho), e três praticamente não entram em campo (Alan Costa, Renê Santos e Thallyson). O também contratado Todinho chegou a ser utilizado, mas sofreu lesão no joelho, passou por cirurgia e só jogará em 2018. 

Encontrar a escalação perfeita é tão difícil que, só neste Brasileirão, 37 atletas vestiram a camisa do time. Foram 27 escalações diferentes em 31 rodadas. Mancini foi o único que conseguiu repetir a equipe. 

PERDAS
O elenco também sofreu com perdas importantes. A principal delas foi o capitão do time, o volante Willian Farias, que sofreu uma distensão no joelho no dia 8 de agosto, em jogo contra o Atlético-GO, pela 12ª rodada. Ele segue sem atuar e não tem previsão de retorno.

O problema é que, quando perdeu Farias, o time não contava com nenhum atleta que atuasse como primeiro volante, já que José Welison também machucou o joelho em abril e ficou seis meses sem jogar. Ramon foi improvisado. 

BARRADÃO
O Vitória faz a sua pior campanha da história em casa desde 2006, quando o Brasileirão adotou o formato de pontos corridos, com 20 clubes. O time é o pior mandante da competição, com apenas dois triunfos, ambos conquistados ainda no primeiro turno, contra Atlético-MG e Ponte Preta. A última vez que venceu foi no dia 2 de agosto. Foram ainda quatro empates e 10 derrotas.

Dos 34 pontos que somou, só 10 foram no Barradão. Será que, diante de todos os problemas, a culpa é só do estádio?