Orla de Salvador fica cheia durante virada do ano

Por Sérgio Ferreira 01/01/2022 - 09:13 hs

Por: Sérgio Ferreira

Aqueles que escolheram a orla de Salvador como local para virar o ano tiveram dificuldade para evitar aglomerações. Já a partir das 21h, o movimento de carros e pessoas nas regiões da Barra, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba e outros bairros praianos era intenso. A pandemia não impediu que bares localizados na orla também estivessem cheios, e as festas privadas tiveram filas para entrar.

Do Morro do Cristo, quem olhava para o Farol da Barra via uma imagem que se assemelhava ao Carnaval: centenas de pessoas estavam pelo calçadão, areia ou mesmo nos bares. E não só os soteropolitanos, como também turistas escolheram o cartão postal de Salvador. O casal Fernando Luís e Ingrid Mendes saiu de Brasília de carro com o filho Mateus em direção a João Pessoa para passar as férias de Verão. A ideia era virar o ano dentro do carro, mas, no caminho, decidiram parar em Salvador. 

"Desde 1998 que não pisava o pé aqui e minha esposa ainda não conhecia. Salvador é um lugar mágico e viver a virada nesta cidade torna tudo mais especial", diz Fernando. Eles colocaram suas cadeiras de praia na frente do Farol da Barra e ficaram aguardando 2022.

"Assim que virar o ano, vamos procurar algum lugar para dormir e pegar cedo a estrada para chegar em João Pessoa. Na volta, vamos passar aqui de novo", prometem.

Ao longo da noite, a Barra foi ficando cada vez mais lotada. Quem aproveitou esse cenário foram os ambulantes, vendedores e até as benzedeiras. Eliane de Jesus Souza, que em 2021 viralizou nacionalmente após ter sido ofendida por dois turistas que a chamaram de macumbeira e preguiçosa, estava no local. “Aquilo foi uma turbulência grande na minha vida, mas eu praticamente já esqueci. Quero que 2022 traga justiça, pois praticamente não se resolveu nada disso em 2021”, afirma.

Sem chuva
Apesar do dezembro mais chuvoso dos últimos 32 anos, a virada do ano em Salvador foi de tempo firme. A família do eletricista Ricardo Araújo Carvalho aproveitou a oportunidade para ir da sua casa, localizada no Nordeste de Amaralina, para a praia de Amaralina. “Não é uma tradição. Geralmente, vamos para a Linha Verde ou a Ilha (de Itaparica) mas devido à situação da pandemia, preferimos ficar perto de casa”, relata. Para celebrar, a família levou cerveja e fez churrasco na praia.

á no novo Centro de Convenções de Salvador, uma enorme fila ainda estava formada quando faltava menos de 1h para a meia-noite. É que no local aconteceu o Réveillon Felicita Salvador 2022, com shows de Jorge e Mateus, Gusttavo Lima e É o Tchan. Várias pessoas que não puderam comprar ingressos ficaram do lado de fora acompanhando a festa e celebrando a chegada do ano novo. 

“Eu confesso que achava que seria um show gratuito. Quando cheguei, descobri que era pago e, como estava muito caro, preferi ficar por aqui mesmo. Alguns amigos também estão vindo e minha ideia é só sair quando a festa acabar”, contou a atendente de telemarketing Josiele Rodrigues, 20 anos. 

Na esquerda, fila para entrar na festa privada. Na direita, pessoas que decidiram passar a virada do lado de fora da festa (Foto: Paula Froes/CORREIO)

Ao contrário do Réveillon de 2021, a festa esse ano teve menos restrições por parte da Prefeitura. Ainda assim, o Festival Virada Salvador foi cancelado. Houve também uma queima de fogos. Inicialmente, 20 pontos de atração foram programados, mas sem divulgação para evitar aglomerações. Um dos locais em que se esperava queima de fogos era no bairro do Imbuí. No entanto, por lá não aconteceu nada. Sobrou para o dono do Quiosque do Galego soltar os fogos de artificio que ele mesmo comprou. 

“Já é uma tradição. Há pelo menos cinco anos a gente abre o bar durante a virada, recebe clientes e faz a festa. Não poderia deixar de ter os fogos, é claro”, conta o empresário Washington Tito. Seu bar era o único dos quiosques do Imbuí que funcionou durante a virada. 

Pelo jeito, o povo resolveu mesmo ficar na orla de Salvador, cujo movimento voltou a crescer após a meia-noite. A reportagem verificou movimentação intensa no Jardim dos Namorados, Jardim de Alah e na praia da Paciência. Muitos dos que estavam na rua não utilizavam máscara. Foi um início de 2022 que relembrou os tempos anteriores a 2020, quando não havia pandemia.