Brasil chega a 500 mil mortes por Covid
Por: Sérgio Ferreira
O Brasil chega à marca de meio milhão de mortos pela Covid-19 neste
sábado (19), segundo registros oficiais das secretarias de Saúde dos
estados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. O número real,
porém, deve ser ainda maior, já que nem todos os infectados fazem o
exame para detectar a presença do coronavírus.
Às 20h deste sábado, o país contou 2.247 mortes e 78.869 novos casos
da doença nas últimas 24 horas, elevando o total de óbitos para 500.868,
e o de casos, para 17.881.045.
Com isso, o Brasil torna-se o segundo país a ultrapassar os 500 mil
mortos. Antes dele, os Estados Unidos superaram essa cifra e, no dia 15
de junho, passaram de 600 mil óbitos. A diferença é que, por lá, mais de
148 milhões de norte-americanos (45% da população) estão totalmente
imunizados; por aqui, são 24.243.552 milhões de brasileiros (11,45% da
população) que já tomaram as duas doses.
Com vacinação ainda lenta, o vírus se alastra por todas as regiões do
Brasil. Na última semana, houve média de cerca de 2.000 mortos por dia
pelo coronavírus Sars-CoV-2. A média diária de novos casos está em torno
de 70 mil, o que deixa o atual momento entre os piores da pandemia.
Desde o primeiro registro da doença no país, em fevereiro de 2020,
mais de 17,8 milhões de pessoas já foram infectadas pelo Sars-CoV-2 no
Brasil —número que provavelmente também está subdimensionado.
Os dados comparativos mostram que as autoridades brasileiras erraram
na condução do país em meio à pandemia. Quando se considera a taxa de
mortos por 100 mil habitantes, por exemplo, o Brasil é o 9º país com
mais óbitos, ostentando 235 mortes/100 mil habitantes. Apenas países de
população bem menor estão à sua frente.
Entre as maiores economias do mundo, o Brasil é o país que acumula mais mortes por 100 mil habitantes.
Apesar de todas as evidências científicas disponíveis, o presidente
Jair Bolsonaro (sem partido) mantém o negacionismo que expressou desde o
primeiro momento. Ele já subestimou o perigo que a doença representa
quando a chamou de gripezinha, lançou desconfiança sobre as vacinas que
comprovadamente podem diminuir os riscos de morte e não segue as medidas
de proteção contra o vírus, como uso de máscara e distanciamento
social.
Pressionado pelo número elevado de mortes, Bolsonaro até apareceu em
rede nacional para celebrar a distribuição de 100 milhões de doses de
vacinas contra a Covid-19 aos estados e municípios, mas ao mesmo tempo
não dá sinais de que ele mesmo deve se vacinar. Outros líderes mundiais
tomaram a injeção no braço em público como maneira de estimular a
população e dissipar qualquer receio provocado por notícias falsas.
Em suas falas, as imprecisões e as expressões próprias de um
movimento político que se opõe à ciência servem para lançar
desconfianças infundadas sobre as vacinas e o uso das máscaras, que ele
diz ser um símbolo contra a liberdade individual.
Suas crenças se refletiram nas ações do governo federal, que se
empenhou mais na defesa e na distribuição de remédios como a
hidroxicloroquina, ineficaz contra a Covid, e menos na compra das
vacinas.
Mesmo após mais de um ano de realização de estudos científicos
padronizados com a hidroxicloroquina e outros medicamentos do chamado
"kit Covid" que não encontraram benefícios no uso dos remédios pelos
doentes, o presidente segue propagandeando esses medicamentos como a
solução.
O resultado: cerca de um quarto da população brasileira fez uso de
algum medicamento para tratar precocemente ou prevenir a Covid-19, de
acordo com uma pesquisa do Datafolha —entre os que declaram voto em
Bolsonaro nas eleições de 2022, o índice sobe para 37%. Mas o tratamento
ainda não existe, e os números de mortes ajudam a confirmar isso.
Enquanto isso, a CPI da Covid instalada no Senado expõe a inoperância
do governo federal e alimenta críticas às ações das autoridades
sanitárias e de Bolsonaro no período. Para agravar o quadro econômico
ruim, aumenta também o isolamento do Brasil no cenário internacional,
acompanhado de fortes críticas à gestão da crise na saúde.
A comissão parlamentar ajudou a evidenciar a omissão do presidente e
de seu ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no colapso de Manaus no
começo deste ano, quando hospitais ficaram sem oxigênio para fornecer
aos doentes internados.
O comportamento errático do governo também se evidencia nas trocas na
pasta mais relevante para o enfrentamento da pandemia. Desde o começo
da crise, quatro ministros da Saúde tentaram conduzir a reação do país.
Dois deles —Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich— saíram do posto por
divergências com Bolsonaro. O terceiro, Pazuello, mais alinhado ao
presidente, ficou quase um ano no cargo. Saiu pela má gestão e como um
dos investigados na CPI da Covid-19.
Cabe agora ao médico paraibano Marcelo Queiroga, o quarto ministro,
conter a múltipla crise. Com discurso mais modulado, ele reafirma seu
apreço à ciência, mas está dentro de um governo que, como também mostrou
a CPI, ignorou durante meses a oferta de vacinas feita pela Pfizer
ainda no ano passado.
E a Pfizer nem foi a única vacina esnobada. Importantes nomes do
governo atacaram a Coronavac, por sua origem chinesa. Bolsonaro, Paulo
Guedes (ministro da Economia) e Ernesto Araújo (ex-chanceler)
fortaleceram esse discurso.
Nas redes sociais, sobretudo entre bolsonaristas, circulam mentiras
que afastam a população dos imunizantes. Algumas delas sugerem que as
vacinas carregam algum tipo de chip ou que causem efeito magnético. O
objetivo é disseminar o pânico e a descrença naquilo que é a melhor
ferramenta para combater a pandemia.
As vacinas contra a Covid-19, desenvolvidas em tempo recorde e
algumas delas com eficácias extraordinárias, têm seus dados de segurança
continuamente revisados por autoridades sanitárias, como a Anvisa.
Países que escolheram o caminho da vacinação em massa, como os Estados
Unidos e Israel, colhem os bons frutos dos imunizantes agora.
No Brasil, mesmo com uma vacinação abaixo do desejado, os imunizantes
já teriam evitado a morte de 43 mil pessoas acima de 70 anos, segundo
estudo do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel (Universidade
Federal de Pelotas) em parceria com a Universidade Harvard e o
Ministério da Saúde.
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