Por Visual News Noticias
Campeão do Mundo em 1975 e 1977 e 1984, Niki Lauda ficou a um ponto do tÃtulo, em 1976. O ano em que ganhou à morte, ao sobreviver à bola de fogo em que se transformou o Ferrari 312 T2, após um despiste no Grande Prémio da Alemanha. Um acidente que marcou a vida do ex-piloto austrÃaco.
O acidente aconteceu a 1 de agosto de 1976, durante o Grande Prémio de Fórmula 1 da Alemanha, no circuito de Nurburgring.
Niki Lauda estava numa batalha pela liderança com o McLaren de James Hunt. A corrida começou mal para o austrÃaco, que escolhera pneus de chuva, após um aguaceiro em Nurburbring.
A perder tempo para os pilotos com pneus lisos, Lauda fez uma paragem e mudou também para "slick". Com pneus frios numa pista húmida, Lauda perdeu o controlo do Ferrari na Bergwerk. Embateu no morro e rodopiou para a pista. O impacto foi te tal ordem que o capacete saiu-lhe da cabeça.
Uma fuga de combustÃvel provocou um incêndio no carro, com Niki Lauda preso no "cockpit". Imagens da altura mostram o frenesim de gente em desespero a tentar controlar as chamas para retirar o piloto do carro.
Outros pilotos, como Harald Ertl, Guy Edwards e Brett Lunger apressaram-se a tentar tirar Lauda da bola de fogo em que se tinha transformado o Ferrari 312 T2, mas foi o italiano Arturo Merzario que conseguiu puxar o austrÃaco para fora do "cockpit", recorda a Ferrari, numa página dedicada ao acidente.
No momento em que as chamas envolveram totalmente o carro de Niki Lauda, poucos terão acreditado que o campeão em tÃtulo teria sobrevivido. Lauda ficou ferido com gravidade. Sofreu queimaduras, que lhe ficaram para a vida, mas foi a inalação de gases tóxicos da combustão que o deixou à s portas da morte.
Só quatro dias após o acidente, a 5 de agosto de 1976, deixou de correr risco de vida, tendo sido levado do hospital de Mannheim, onde estava internado, para o de Ludwigshafen, entregue aos cuidados de um especialista em queimaduras.
Lauda ficou sem boa parte do cabelo, perdeu a orelha esquerda, as sobrancelhas, pestanas e pálpebras. A coragem e o dinamismo inesgotáveis de que falam a famÃlia no comunicado que anunciou o óbito de Lauda, na segunda-feira, saltaram para a "pole" em 1976. Lauda voltou à s pistas mês e meio depois, no Grande Prémio de Itália, a 12 de setembro, com um quarto lugar. Nessa época, ficou a apenas um ponto do tÃtulo de campeão do Mundo de Fórmula 1, o rival da McLaren, James Hunt (69 pontos). O sul-africano Jody Scheckter foi terceiro, com 49 pontos.
Considerado como um piloto cauteloso e calculista, o austrÃaco perderia o mundial desse ano pelo facto de, na última prova, no Japão, ter abandonado a corrida ao fim da primeira volta, conforme acordado - mas não cumprido - por todos os pilotos, face à s adversas condições climatéricas que não permitiam que estivessem asseguradas condições de segurança.
"A minha vida vale mais do que um campeonato", justificou, antes de saber, já no aeroporto, o desfecho do mundial, sendo que apenas precisava de ficar à frente de James Hunt para conquistar o tÃtulo que recuperaria na época seguinte, em 1977, somando o segundo tÃtulo na prova, após a estreia no topo do Mundo, em 1975.
Pelo meio, em 1976, escapou à bola de fogo em que se transformou o Ferrari 312 T2 e ganhou o campeonato da vida. As marcas daquela corrida ficaram-lhe para sempre no corpo. A coragem e a determinação na forma como recuperou a vida e voltou às pistas ficaram-lhe até à última bandeirada de xadrez, na segunda-feira.