Ao longo do dia, devemos consumir mais calorias no café da manhã ou no almoço?

Equilibre seu dia. Aproveite as orientações da nutricionista Elaine Janaína.

Por Visual News Notícias 07/07/2017 - 16:32 hs

Como as calorias são medidas? 

A distribuição de calorias por refeição, durante o dia, deve ocorrer equilibradamente e, originalmente, ser aconselhada por um nutricionista, que saberá, da melhor forma, guiar tais ponderações.

Essa dúvida ocorre e, para cada indivíduo, ela terá uma resposta, pois tudo vai depender, também, das atividades exercidas pela pessoa, desde seu ciclo e qualidade de sono, passando pelo seu horário de acordar, seu tipo de trabalho e gasto energético durante o dia, até o seu horário de dormir novamente.

"Deve haver o fracionamento de refeições em quantidade e qualidade relacionados ao seu teor calórico por horários. "



Deve haver o fracionamento de refeições em quantidade e qualidade relacionados ao seu teor calórico por horários. Geralmente, as refeições são classificadas em quatro a seis refeições (café da manhã; lanche da manhã; almoço; lanche da tarde; jantar e ceia) por dia espaçadas de duas a três horas. Os lanches e a ceia, geralmente são refeições rápidas, pequenas e, muitas vezes, pouco calóricas, enquanto que as principais refeições como café da manhã, almoço e jantar são as que fornecem maior aporte de nutrientes e, consequentemente, muitas vezes de calorias, se realizadas de forma orientada, equilibradas como um todo, ao longo do dia.

Para algumas pessoas, o café da manhã terá mais kcal do que o almoço, já para outras, a situação pode ser oposta. Tudo vai variar de acordo com o indivíduo, suas peculiaridades e seu estado de saúde, principalmente.

Qual o efeito de consumir maior quantidade de calorias à noite?

À noite, nosso organismo funciona em um ritmo, de certa forma, menos acelerado, em termos gerais. Para aqueles que mantêm uma rotina comum, a noite é utilizada para ir desacelerando, até o estado de sono, recuperador do organismo para o dia seguinte. 

Existe o chamado ciclo circadiano (ciclo biológico que dura cerca de um dia e que está relacionado às funções do organismo vivo e, como elas, se encadeiam passando pelos ritmos de sono, digestão, por exemplo), em certos horários como o noturno, ele está mais desacelerado, compassando de forma mais basal, funções como, por exemplo, a digestão. A liberação de hormônios e outras reações no organismo ligadas à fome, saciedade, alterações glicêmicas também ficam alteradas durante a noite, sendo um dos motivos em que se recomenda comer comedidamente antes de ir repousar à noite ou, ainda assim, escolher alimentos mais leves e de fácil digestibilidade. Quando dormimos, também estamos com as funções orgânicas (manutenção de temperatura, funcionamento de órgãos, por exemplo) acontecendo em nosso corpo, contudo, em ritmo mais lento, funcionando apenas o gasto energético mínimo para elas, o basal. Um maior aporte de calorias à noite para esses indivíduos – que já estão propensos a essa desaceleração natural do organismo – que realmente vão dormir no pós-jantar ou ceia, pode significar um “excesso” e em má hora, ou seja, serão consumidas muitas calorias que não serão gastas de imediato, podendo, futuramente, significar um acúmulo de nutrientes, também, e, muitas vezes, consequentemente, ganho ponderal de peso, caso isso seja rotina. 

Exceções, aqueles que utilizam a noite para realizar atividade física ou trabalhar, podem ter a distribuição de calorias ao longo do dia equalizada para isso, podendo talvez, à noite, ter um aporte de calorias (vale lembrar que, de boas fontes nutritivas, qualitativamente falando) e, assim, manter o equilíbrio saudável tão desejado.

Afinal...quanto às calorias: contá-las ou não contá-las? 

É de grande importância debater essa questão, pois não existe uma resposta categórica. Não existe “fórmula mágica”, “equação padrão”, “dieta dos números”, nada generalista. O que existe é adequação, quantidade, qualidade e harmonia em tudo que se ingere para cada indivíduo. 

A angústia da contagem excessiva de calorias, a curiosidade compulsiva em saber quantas calorias um brigadeiro tem ou uma banana ou mesmo quantas calorias tem em um copo de água de coco, sem dúvida, gera mais ansiedade e acaba por dificultar qualquer tentativa de reeducação alimentar e planejamento dietético saudáveis. 



Apesar de ter sua importância em ser conhecida numa dieta sobre as calorias, deve-se ir mais além. Antes de pensar em contar ou não calorias, procure verificar quais são as fontes de alimentos na sua dieta, preste atenção no seu hábito alimentar e, acima de tudo, procure um nutricionista para lhe auxiliar e acompanhar nessa jornada, pois, somente ele realmente conhecerá o que é mais indicado para seu corpo, quanto e, ainda, com justificativas cientificamente plausíveis, baseadas em evidências de exames bioquímicos, clínicos, entre outros. Isso não inviabiliza seu diálogo com esse profissional, mas, pelo contrário, um acompanhamento nutricional deve, sim, ser personalizado e bastante dialogado para que a adesão e o sucesso dos resultados apareçam. 

Existem cálculos energéticos e fórmulas específicas matemáticas, mas, para a prescrição de dietas, e todas elas são baseadas em estudos sólidos, mais do que isso, mesmo existindo, elas ainda irão variar por idade, sexo, atividade física, composição corporal, ou seja, elas ainda irão variar por INDIVÍDUO. É algo muito singular!

A fórmula perfeita? Não é bem por aí! Em se tratando de um organismo bastante complexo como o do ser humano, em toda sua dimensão biológica, ainda temos de ponderar os outros aspectos: social, psicológico e econômico. Então, mesmo uma pessoa possuindo uma dieta igual a outra em termos de calorias, os tipos de alimentos, horários, quantidade podem, sim, ser diferentes, variar por região, país e até preceitos.

Então...mais do que “contar calorias”, conte com um nutricionista!

Referências:

BRASIL -  Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Orientação aos Consumidores: educação para o Consumo Saudável. Universidade de Brasília- Brasília: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2005.

HERNANDEZ, A.J.;  NAHAS, R.M. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte,  Niterói ,  v. 15, n. 3, supl. p. 2-12, Apr.  2009 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922009000400001&lng=en&nrm=iso>. access on  19  July  2015.  http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86922009000400001

MANN, J.; TRUSWELL, A.S. Nutrição Humana 1. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 2012.

SOUZA, Danielle Ribeiro de et al. Ingestão alimentar e balanço energético da população adulta de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil: resultados da Pesquisa de Nutrição, Atividade Física e Saúde (PNAFS). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro ,  v. 26, n. 5, p. 879-890, May  2010 .