Conheça a capital da banana, o segundo maior produtor de banana do Brasil que fica no Oeste da Bahia.

'Capital da Banana' fica na região Oeste do estado, que é o 2º maior produtor do país

Por Visual News Notícias 13/04/2018 - 12:03 hs

Com destaque maior no perímetro irrigado do Vale do São Francisco, sobretudo em Bom Jesus da Lapa, Curaçá e Juazeiro, o plantio de banana na Bahia, segundo maior produtor nacional da fruta, vem se expandindo para outras áreas, como o Sul e o Baixo Sul, o que fez aumentar em 3,2% da produção no início deste ano.

No levantamento divulgado nesta terça-feira (10), que mostra Bom Jesus da Lapa como a 'Capital Nacional da Banana' (ver abaixo), constatou-se que do total de área plantada com banana, 72 mil hectares são da região de sequeiro e outros 16 mil hectares na área irrigada do Vale do São Francisco. A área de sequeiro é toda área que está fora do Vale, e neste caso da banana compreende mais o Sul e o Baixo Sul.

Com a descoberta das novas áreas plantadas, a produção subiu de 1.070.000 toneladas registradas em dezembro de 2017 para 1.104.000 toneladas em fevereiro de 2018, após redução para 974.000 toneladas em janeiro deste ano. Cerca de 85% da produção baiana é de banana da prata e nanica.

“O crescimento da produção se deve a atualizações feitas referentes ao trabalho do censo agropecuário que está possibilitando identificar melhor as áreas de algumas lavouras de fruticultura que eram subestimadas”, comentou o supervisor de Pesquisas Agropecuárias do IBGE na Bahia Augusto Barreto.

As novas plantações de banana na Bahia estão em cidades como Wenceslau Guimarães, Ilhéus, Itacaré e Gandu, dentre outras. “Percebemos o perímetro irrigado um pouco maior e também as culturas consorciadas de banana e cacau no sul, que representa uma área maior que a estimada pelo IBGE”, Barreto falou.

O aumento na área plantada com banana no Vale do São Francisco, informa o IBGE, foi de 32%: era de 12 mil hectares e passou 16 mil hectares, e na de sequeiro a estimativa de antes era de 70 mil e foi para 72 mil hectares. Mas no que se refere à produtividade, ela se manteve praticamente constante, segundo o IBGE.

Tecnologia é aliada de agricultores em aumento de produção (Foto: Codevasf/Divulgação)

Estimativas
Segundo o órgão federal, o estado da Bahia deve permanecer como segundo maior produtor da fruta no país durante o ano de 2018, com participação na produção nacional de 15,3% este ano. São Paulo (produção de 1,16 milhão de toneladas) deve ficar em primeiro, com participação de 16% na produção nacional.

Em relação ao ano anterior, a estimativa da produção da banana em todo o país apresenta crescimento de 0,7% (7,23 milhões de toneladas). O maior aumento foi verificado na região Centro-Oeste (12,1%), porém a produção regional representa apenas 4,4% da produção nacional.

Na Região Nordeste, a produção estimada foi de 2,4 milhões de toneladas, com destaque para o crescimento de 17,2% no Piauí, Paraíba (16,4%), Pernambuco (15,7%) e Bahia.

Nas cidades do Sul e Baixo Sul, os pés de banana servem há décadas para fazer sombra sobre os pés de cacau, no sistema de cultivo agroflorestal conhecido como cabruca. “Nós incentivamos isso há muito tempo, e os produtores o fazem com muita frequência”, comentou o agrônomo Milton Conceição, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em Ilhéus.

“Mas em cidades como Wenceslau Guimarães e Gandu temos visto muito a expansão de áreas plantadas com banana-da-terra”, completa ele, informando que os produtores plantam primeiro a banana, que pode colher mais rápido que o cacau – entre seis e oito meses, enquanto o cacau só em três anos.

Produtor de cacau e encarregado da Ceplac em Gandu, o técnico agrícola Marcos César Leal informa que não só a banana está tendo boa aceitação na produção consorciada com o cacau, mas também a graviola. A região de Gandu tem colhido por ano mais de 41.000 toneladas de banana da terra e 1.300.000 tonelada de graviola.

Na região, as áreas novas de cacau estão ocupando antigas pastagens para criação de gado, e com isso vão surgindo também os novos plantios de pés de banana. “Esses cultivos são algo que têm se expandido muito na região Sul, não só em Gandu. E o que temos visto é o produtor tendo bons rendimentos no setor”, comentou Marcos Leal.

Apoio
Além da Ceplac, os produtores de banana da Bahia vêm recebendo apoio da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb), por meio do Pró-Senar, que visa melhorar a produtividade e a rentabilidade do negócio rural, a partir da formação profissional do produtor e da difusão  de tecnologias viáveis.

O programa trabalha com cadeias específicas, de acordo com a demanda e a vocação de cada região. Os participantes são mobilizados pelos sindicatos rurais, braço operacional do Sistema Faeb/Senar no campo. Uma das cadeias produtivas que o Pro-Senar trabalha é a banana da terra.

“O município de Teolândia, Baixo Sul baiano, região que vem se consolidando como um polo de fruticultura na Bahia e que se destaca na produção de banana já conta com o Pro-Senar, que reúne aulas teóricas e práticas, com duração de 1 ano e meio”, informou o presidente da Faeb, Humberto Miranda.

Os produtores aprendem sobre controle de pragas e doenças de bananeiras; beneficiamento e comercialização da banana, entre outros. Durante o curso, uma vez por mês o participante recebe a visita do técnico em sua propriedade (assistência técnica).

Cidade baiana lidera ranking nacional da produção de banana
Na Bahia, o destaque na produção de banana é a cidade de Bom Jesus da Lapa, maior produtor individual do país, segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017 – o levantamento nacional de 2018 por cidade ainda está sendo elaborado pelo órgão federal e deve ser divulgado no segundo semestre.

A produção local sai do Projeto Formoso, no perímetro irrigado e que é tocado pela Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). São 170.000 toneladas de banana produzidas por ano, o que representa 2% da produção nacional. Vendidas para 23 estados, as variedades prata e nanica são as mais produzidas.

Projeto Formoso, em Bom Jesus da Lapa, é pioneiro (Foto: Luiz Filho/Divulgação)

A cidade do Oeste da Bahia passou a liderar o ranking nacional após dissertação de mestrado em Desenvolvimento Regional e Urbano de Demétrios Pascoal de Almeida Rocha, técnico da Codevasf em Bom Jesus da Lapa.

É que o trabalho dele, apresentado em 2016 na Universidade Salvador (Unifacs), com o título “Projeto Formoso: impactos socioeconômicos e ambientais no município de Bom Jesus da Lapa”, ajudou o IBGE a atualizar os dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM).

A pesquisa permitiu a correção de dados da produção, que em 2012 era 31,3% menos que em 2015, quando o IBGE registrou 171.000 toneladas. Apesar de o IBGE ter registrado 170.000 toneladas em 2016, a liderança nacional ainda é de Bom Jesus da Lapa. Os dados de 2017 ainda não foram divulgados.

Empregos
Quase 30 mil pessoas trabalham nos bananais (entre empregos diretos e indiretos), os quais ocupam uma área de 9 mil hectares. “Por meio da dissertação, conseguimos uma atualização científica e estatisticamente bem elaborada que auxiliou o IBGE a fundamentar a atualização dos dados”, observou Demétrios Rocha.

No Projeto Formoso, há 1.200 lotes, sendo 926 lotes familiares (de 4 a 6 hectares de área, com mão de obra familiar) e o restante são lotes empresariais (de 10 a 50 hectares). Por parte dos produtores, a queixa é somente com relação às estradas que dão acesso aos lotes e por sai o escoamento.

“Ano passado, vários caminhões ficaram atolados, a carga chegou a virar, causou um transtorno muito grande”, disse o produtor Ervino Kogler, presidente da Associação Banana da Bahia, que reúne 28 grandes produtores do Projeto Formoso. Ele também se queixa do aumento do custo da produção, que subiu 15% nos últimos dois anos.

Aliado a isso, o preço da banana permaneceu estável durante esse tempo, tendo ficado em torno de R$ 1,60 o quilo. E apesar de ter alta qualidade, a banana baiana ainda não ganhou mercados internacionais.

“Isso por causa do problema do escoamento e devido a investimentos que o produtor precisa fazer na lavoura. Nossa banana não passa vergonha em lugar algum, mas temos de ter mais incentivo do governo para poder expandir nossas áreas em uns 20% e melhorar a forma de produzir”, declarou Kogler.

Chefe da Unidade de Apoio a Produção da Codevasf, Urirajara Bessa Filho informa que o órgão tem investido em assistência técnica e recuperação de estradas dentro do Projeto Formoso. Desde o ano passado, mais de R$ 4,3 milhões já foram investidos para recuperar estradas e na compra de equipamentos agrícolas.