Por trás da farda: Policiais falam sobre a importância do condicionamento físico

"Na nossa atividade, principalmente nos primeiros anos de carreira, é tudo muito operacional, por isso a atividade física é essencial", revela o Capitão Vitor Maciel

Por Sérgio Ferreira 01/08/2017 - 11:42 hs

Por trás da farda: Policiais falam sobre a importância do condicionamento físico
Major Júnior Sandes, comandante do Corpo de Alunos da Academia de Polícia Militar (PM-BA)

Capitão Vitor Maciel, 35 anos, perdeu 50 kgO curso de formação tem a duração de três anos. O aluno quando chega aqui passa por duas semanas de adaptação, quando conhece toda rotina da academia, além da prática de atividade física, acompanhamento psicológico e de atividades militares como marchar, prestar continência. É como uma faculdade - só que militar - onde existem questões de disciplina que ele precisa respeitar e compreender. Caso algum aluno não se adapte, ele vai entrar com um requerimento para pedir o desligamento e irá perder a vaga, já que o curso de formação é obrigatório. A partir do momento que o candidato se torna aluno oficial, ele já passa a ter direito a acomodação, alimentação, fardamento e também recebe seu salário, mesmo que ainda esteja estudando. São cerca de 10 a 12 disciplinas por semestre com provas escritas, orais e práticas. A classificação aqui é por nota, o que garante alguns benefícios durante o curso, como serviços internos em menor quantidade,  função de comando diferenciada. No final da graduação, os primeiros colocados podem escolher área e local  onde querem trabalhar.

(Foto: Arquivo CORREIO)

Na nossa atividade, principalmente nos primeiros anos de carreira, é tudo muito operacional, por isso a atividade física é essencial. Se o policial não tiver condições de subir uma ladeira e permanecer em pé depois disso vai prejudicar tanto a saúde dele quanto a atividade policial. Quando entrei na PM não era gordo. Depois de formado, tive alguns problemas pessoais e ganhei 50 kg. Aí ingressei em um programa da Polícia Militar que me ajudou nessa perda de peso. Nos três primeiros meses, eu perdi 14 kg. Fui acompanhado durante este período por uma equipe formada por nutricionista, preparador físico e psicólogo. Depois disso, não parei mais de fazer atividade física todos os dias. Hoje, eu já consegui perder os 50 kg que tinha  e voltei ao mesmo peso que tinha quando entrei na Academia de Polícia. De 136 kg, estou pesando 86 kg. Antes me achava gordo, a farda ficava feia. Voltei também a estudar e a frequentar a faculdade. Aumentei minha autoestima, ganhei mais gás para trabalhar e também passei a me relacionar mais com as pessoas. É bom quando um abraça a vontade do outro e essa motivação te faz persistir.

Soldado Layz Souza, 27 anos, recém-integrada à corporação

(Foto: Arquivo CORREIO)

Era um sonho meu, desde criança, ingressar na corporação. Morava em uma comunidade muito carente e geralmente o destino era ter um salário mínimo ou ganhar até menos que isso. Vislumbrei uma profissão que tivesse relevância social e uma ligação direta com a comunidade mais carente. Passei dois anos estudando mais de 4 horas por dia até ser aprovada no concurso da PM em 2014. A melhor sensação da minha vida até agora, depois do nascimento da minha filha. Um objetivo que eu consegui conquistar.  Quando o policial militar trabalha com responsabilidade, ele contribui com a melhoria da comunidade e da vida das pessoas.  Sou motociclista e parto em ronda circulando todo o perímetro dos bairros de Ondina ao Rio Vermelho, região onde estou lotada. Admiro e gosto da nossa função principal, que é proteger. Ainda não me adaptei com o crescimento alarmante da violência e como ela se tornou banal. Também me incomoda o preconceito e o desrespeito que a policial feminina enfrenta por ser mulher. A primeira coisa que um policial tem que ter é o compromisso e o dever de proteger, ter responsabilidade. Gostar do que faz.